Os 7 Pontos de Atenção que Garantem uma Obra Sem Travas

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Quem trabalha com construção sabe: levantar um empreendimento exige muito mais do que executar o projeto arquitetônico. É preciso navegar por uma série de etapas legais, urbanísticas e cartoriais que determinam o andamento da obra e o sucesso do negócio.

Planejamento técnico e jurídico andam juntos. Um detalhe mal verificado no início pode se transformar em um atraso de meses, comprometer o fluxo de caixa e até impedir a entrega no prazo. A seguir, um guia completo dos principais pontos que todo construtor e incorporador precisa dominar para evitar surpresas.

  1. Análise de Viabilidade e Orientação Prévia

Antes de pensar no primeiro metro cúbico de concreto, é preciso confirmar se o terreno comporta o empreendimento desejado.
A análise prévia identifica:
• Coeficiente de Aproveitamento: define quanto pode ser construído em relação à área do lote.
• Taxa de Ocupação e Recuos: determinam a implantação no terreno.
• Zoneamento e Uso do Solo: evitam projetos incompatíveis com a lei municipal.
• Altura Máxima Permitida: pode limitar o número de pavimentos.
• Infraestrutura Disponível: redes de água, energia e drenagem são cruciais para aprovação.

Quando formalizada, a orientação prévia da prefeitura dá segurança para o arquiteto desenvolver o projeto e previne retrabalho.

  1. Registro de Incorporação e Quadro da NBR 12721

Para empreendimentos com venda na planta, o registro de incorporação é obrigatório. É ele que garante segurança ao comprador e permite comercializar as unidades ainda durante a execução da obra.

O processo exige atenção especial a:
• Quadro de Áreas da NBR 12721: precisa refletir fielmente o projeto aprovado, discriminando áreas privativas, comuns e de garagem.
• Cálculo de Fração Ideal: compatível com a matrícula do terreno e memorial descritivo.
• Convenção de Condomínio: documento que já nasce junto com o registro e deve estar em harmonia com o projeto.
• ART/RRT: comprovação de responsabilidade técnica.

Um erro de cálculo ou divergência entre documentos gera exigências no cartório e retarda a abertura de vendas — o que afeta diretamente o caixa da obra.

  1. Alvará de Construção

Com o projeto aprovado, vem a etapa de emissão do alvará de construção. Esse documento é a autorização oficial para iniciar os trabalhos no canteiro.

Alguns pontos críticos:
• Prazo de Validade: a maioria dos municípios concede de um a dois anos; é preciso renovar se a obra se estender além desse período.
• Compatibilidade de Projeto: alterações significativas exigem aditivo ou novo alvará.
• Taxas e Emolumentos: devem estar quitados para evitar autuações.

Construir sem alvará é arriscado: além de multas, a obra pode ser embargada, atrasando cronograma e encarecendo o projeto.

  1. Habite-se

Concluída a obra, o habite-se é o documento que atesta que a edificação está em conformidade com o projeto aprovado e pode ser ocupada.
Para obtê-lo, a prefeitura verifica:
• ART/RRT de Conclusão de Obra
• Condições de acessibilidade e segurança
• Quitação de tributos municipais (ISS, IPTU)
• Vistoria do Corpo de Bombeiros, quando aplicável

Sem o habite-se, não é possível averbar a construção no cartório, escriturar unidades ou liberar financiamento para os compradores.

  1. Averbação da Construção e Matrícula CEI/CAEPF

A averbação é o ato que atualiza a matrícula do imóvel para incluir a edificação.
O cartório exige:
• Habite-se
• CND do INSS da obra: só é emitida se a matrícula CEI ou CAEPF estiver regular
• Memorial descritivo final

Essa etapa é indispensável para escrituração das unidades e para a formalização de financiamentos ou alienações fiduciárias.

  1. Licenças e Aspectos Ambientais

Dependendo do tipo e da localização do empreendimento, podem ser necessárias licenças específicas:
• Licença Prévia (LP): avalia a viabilidade ambiental do projeto
• Licença de Instalação (LI): autoriza a execução
• Licença de Operação (LO): para empreendimentos de maior impacto
• Autorização de Supressão de Vegetação
• Outorga de Uso de Água

Antecipar essas análises garante que a obra não seja paralisada por descumprimento de normas ambientais.

  1. Embargos e Sanções: Prevenção é a Melhor Defesa

Obra embargada significa custo dobrado: equipe parada, maquinário sem uso, cronograma atrasado.
Os motivos mais comuns para embargo são:
• Falta de alvará
• Execução em desacordo com o projeto aprovado
• Reclamações da vizinhança
• Ausência de licenças ambientais

A melhor forma de evitar é manter auditoria documental periódica, cumprir as exigências da prefeitura e corrigir eventuais desvios de execução imediatamente.

Impacto no Fluxo Financeiro

Cada exigência não atendida no prazo impacta o cronograma físico-financeiro.
Atrasos nas medições travam o repasse dos recursos do banco, custos fixos continuam correndo e a margem do empreendimento encolhe.
Empreendimentos bem planejados, por outro lado, antecipam receita, reduzem estoque parado e protegem a reputação da empresa.

Conclusão

Obra bem-sucedida é aquela em que o planejamento vai além do canteiro.
Analisar o terreno, garantir compatibilidade entre projeto, prefeitura e cartório, emitir documentos no tempo certo e manter o acompanhamento técnico-jurídico são etapas que fazem diferença no resultado final.

No mercado competitivo de hoje, construtores que tratam a regularização e o compliance como parte estratégica da obra entregam no prazo, com lucro e sem surpresas desagradáveis.

Dica: revisar documentação e processos antes de cada etapa crítica é um investimento pequeno perto do custo de um embargo ou de um financiamento bloqueado.

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